A contribuição da embalagem na vida e na indústria moderna
Por Fernanda Mattoso
Condição para o consumo de qualquer produto, as embalagens evoluíram junto com a indústria e o mercado para assumir o papel de peça estratégica nas empresas. O que antes eram insumos, agora são embalagens ricas em elementos estéticos e componentes tecnológicos a serviço da competitividade da indústria. Personagem emblemático da Revolução Industrial, a embalagem permitiu a distribuição de milhares de itens no mercado, rompeu fronteiras mundiais de comercialização, criou alternativas de consumo, ditou tendências para as marcas e estimulou a pesquisa de tecnologia, de materiais e de processos industriais.
Fascinante pensar que essa história, iniciada há bem mais de um século, continua viva e em constante evolução. As embalagens sobreviveram a todas as mudanças das décadas pelas quais passaram. Em cada momento, elas traduziram as necessidades das pessoas e definiram a linguagem dos mercados em questão. Talvez tenha sido esse o seu grande trunfo. A capacidade de dialogar com o consumidor no momento em que está vulnerável à decisão de compra, fisgar seu olhar, prender sua atenção e ter sempre algo novo a dizer. Dessa forma, esse componente do produto impulsionou a evolução de uma cadeia produtiva enorme, contribuindo para o desenvolvimento de áreas importantes como a engenharia de materiais, a tecnologia gráfica, o desenho industrial e as ciências do marketing e do comportamento social. Suas inúmeras possibilidades de acondicionamento, proteção, transporte e persuasão transformaram a indústria dos bens de consumo, desafiando a capacidade criativa dos gestores de produtos e marcas a competirem em um universo infinito de necessidades e desejos.
Também é interessante pensar que setores industriais como eletrodomésticos (geladeiras, freezers e micro ondas), utensílios domésticos, moda e serviços se desenvolveram paralelamente às descobertas tecnológicas da indústria da embalagem. Sua contribuição se estende também à organização da rotina nas grandes cidades, permitindo uma vida mais prática, ágil e confortável, assim como a inclusão de milhares de pessoas ao universo do consumo. Alimentos congelados, serviços de conveniência e produtos porcionados conforme as novas demandas familiares e individuais da vida moderna só foram possíveis em função dos investimentos constantes em projetos de embalagem. Hoje inteligentes, graças à aplicação da nanotecnologia e de sensores eletrônicos, as embalagens podem se comunicar com o consumidor de forma efetiva por meio de sons, cheiros, códigos, cores e reações químicas diversas, somando em sua gama de significados simbólicos um aparato tecnológico de alto nível de sofisiticação.
Por fim, ícone da sociedade de consumo, a embalagem proporcionou experiências de uso e condições de escolha às pessoas capazes de redesenhar o comércio varejista, consolidando de vez o auto-serviço. Com o passar das décadas, a explosão de marcas somada à diversificação das técnicas de venda e comunicação tornaram o varejo um espaço de alta competitividade. Seja como veículo da mensagem da marca ou como instrumento facilitador do dia-a-dia, a embalagem é portadora da inovação nas gôndolas. Essa realidade é fato e as empresas que querem fazer frente perante a concorrência não economizam em design, tecnologia e marketing do produto. De materiais inteligentes à rótulos sofisticados ou mesmo da mais simples etiqueta com uma comunicação precisa ao formato ecológico, os projetos de embalagem são vistos nas indústrias como ativo da marca e ferramenta estratégica de alto potencial.