Planejamento do Projeto Gráfico para Fexografia
Por Fernando Gotardo Rosati *
UM BOM PLANEJAMENTO DO PROJETO, COM CONTROLE DE PROCESSO DA CADEIA DE IMPRESSÃO E TINTAS, SOMADO ÀS NOVAS TECNOLOGIAS, ELIMINA AS LIMITANTES E TRAZ MELHORIAS CONTÍNUAS
1 – Introdução
Planejar nos dias atuais é a parte mais importante de qualquer projeto gráfico, pois é o momento em que vamos estudar o como fazer as ideias do cliente se tonarem realidade. Em flexografia, processo de impressão que apresenta diversos tipos de variáveis, precisamos ter muito conhecimento sobre ele e nos atentar em todos os detalhes e dificuldades que encontraremos. Então começaremos a explorar o máximo de capacidade de cada fase de produção e fazer diferente com as condições existentes, sejam elas limitantes ou abrangentes.
A primeira etapa a se cumprir antes de dar início a um projeto gráfico é entender o que realmente o cliente deseja, é literalmente “sentar na cadeira do cliente” e compreender as expectativas que ele tem com relação a esse trabalho.
Antes de avançar para o planejamento, com vistas a um projeto de sucesso, é importante realizar uma reunião com todos os envolvidos no processo produtivo, com o objetivo de mostrar a real necessidade do cliente, de entender a importância de cada núcleo e as limitações de cada área envolvida e, assim, propor soluções e inovações, para não ficarmos acomodados com as limitantes existentes.
Já a importância da existência do planejamento na impressão é estudar o que cada fase produz em linha e, com as condições existentes, avaliar o que se consegue melhorar e fazer mais.
2 – Pré-impressão alinhada à impressão é sucesso garantido
A pré-impressão é o detalhe fino de cada projeto gráfico, pois é onde um excelente tratamento de imagem, uma retícula bem trabalhada e um trapping aplicado corretamente trarão a riqueza visual de uma embalagem impressa. Hoje em dia, ter um fornecedor de clichês que não se limite apenas a fechar arquivos e gravar clichês é um ganho muito importante para a pré-impressão, e vejo cada vez mais os fornecedores se aprimorando no processo de impressão de seus clientes para não apenas fornecer clichês, e sim dar soluções e até mesmo implantar o controle de processo.
Para começar é sempre importante obter uma referência de cor, desde uma amostra, cores da escala Pantone ou até mesmo um arquivo digital composto por CMYK. Atualmente é comum recebermos arquivos de agências e junto a eles provas digitais em papel fotográfico, com cores vivas, sem retículas visíveis e já aprovadas como referência. Sabemos que em flexografia e, principalmente, no segmento de banda larga com impressão em papel, as retículas são evidentes (devido à baixa lineatura e ao trapping conhecido como “contorno”) e sempre serão eternos incômodos. Por isso, devemos sempre avaliar junto aos nossos fornecedores de clichês e os nossos colaboradores de impressão, com base em condições existentes, como podemos viabilizar e minimizar esse impacto. Com o avanço da tecnologia em gravações de clichês, aniloxes, tintas e com as máquinas de impressão gearless, hoje conseguimos minimizar em muito os limitantes e atingir resultados até então jamais imagináveis na flexografia.
Isto é fato: uma pré-impressão bem alinhada com a impressão é resultado de sucesso, pois a função da pré-impressão não é somente trabalhar até as limitantes, mas, sim, conviver com as dificuldades da impressão e delas descobrir oportunidades de melhorias em conjunto. Vamos ver à seguir as principais etapas do controle da pré-impressão e impressão.
2.1 – Separação das cores
Para se obter um ganho de qualidade na impressão, a separação das cores é o ponto que precisa de muita atenção, pois com ela conseguimos reduzir quantidades de cores, custos e aumentar a qualidade e quantidades de tons. Existem casos que com 2 cores é possível obter 3 tons, com 6 cores, alcançar 9 tons. Isso tudo vai da avaliação do arquivo junto ao que se pretende alcançar no impresso final, por exemplo, uma imagem com o tom de laranja composta por magenta e amarelo pode ser reproduzida com 1 Pantone laranja e os detalhes, feitos com porcentagens.
2.2 – Prova de cor para aprovação pelo cliente
Para uma prova de cor ficar o mais próximo possível do impresso final é importante tirá-la no substrato, igual ou similar àquele a ser utilizado, e com bases de tintas e especificações que será o real na impressão. Com isso reduzimos o setup de acerto de cor e nosso cliente terá o que realmente ele aprovou.
2.3 – Retícula versus anilox versus substrato
A retícula em flexografia banda larga é um grande impactante para a qualidade do impresso em papel e papelão ondulado, pois os mesmos são utilizados com baixas lineaturas devido à alta quantidade de tinta que se requer para a impressão. Por isso é preciso identificar qual é a melhor lineatura a se aplicar em cada situação. Atualmente existem tecnologias de gravação de clichês que aumentam a resolução na gravação digital, onde a mesma grava os pontos de retículas com melhor definição e, na hora da impressão, diminuem o impacto grosseiro dos pontos, chegando a aparentar lineatura mais alta do que a utilizada. Substratos mais porosos necessitam de mais tintas e são mais propícios ao entupimento de retícula, por isso a lineatura do clichê precisa ser baixa. Já sobre os papéis tratados, os quais possuem uma superfície mais regular, podemos trabalhar com lineaturas intermediárias.
No entanto, hoje em dia, com as novas tecnologias de gravação de anilox, de fita dupla-face, as impressoras gearless, entre outras, essa situação nos substratos papel e papelão vem mudando bastante, e para melhor, assim como já acontece na impressão em substratos flexíveis PE e BOPP, nos quais o processo flexográfico tem alcançado o mesmo nível de lineatura do offset: 70LPC, resultado que acaba não sendo visível a olho nu.
2.4 – Substratos e cores
Atualmente, encontramos no mercado uma vasta gama de substratos flexíveis e rígidos com diversas tonalidades e diferentes tipos de filmes. Então, para se obter uma cor que seja aproximada, sempre avalie as variáveis que o substrato possa influenciar na mesma, por exemplo: para reproduzir uma cor da escala Pantone no substrato kraft, normalmente, utilizaremos calço de branco, pois será bem provável que essa cor sofra influência do tom “pardo” do kraft.
Diante dessa situação, trabalhe com as escalas Pantone coated e uncoated corretamente, por exemplo: se o substrato for de base branca e com brilho, o resultado mais aproximado será a escalacoated; mas, se for um substrato sem brilho, o resultado mais aproximado será a escala uncoated.
As tintas à base de água para impressão em papel e papelão ondulado vêm demonstrando um melhor resultado de cobertura de impressão do que as tintas à base de solvente, além de serem ecologicamente corretas.
3 – Tecnologias a favor
A pré-impressão e a impressão flexográfica vêm cada vez mais apresentando novas tecnologias, sejam elas em softwares de fechamento de arquivo, em anilox, clichê, gravação, máquinas impressoras, tintas, entre diversos outros insumos e periféricos, porém, se não houver uma capacitação e o planejamento de como e onde utilizá-los, eles acabam virando um grande vilão e gerando prejuízos à empresa convertedora. É preciso explorar ao máximo o que as novas tecnologias têm a oferecer para melhorar e facilitar o processo, pois elas têm um custo muito alto e sua adoção precisa realmente valer a pena.
4 – Conclusão
Enfim, sabemos que o processo gráfico é repleto de variáveis, e se tratando de flexografia, isso é maior. No entanto, um bom planejamento para cada projeto gráfico, com controle de processo da cadeia de impressão e tintas e com as novas tecnologias chegando ano após ano, faz com que não tenhamos mais limitantes, e sim melhorias contínuas.
(*) Fernando Gotardo Rosati: atua no segmento gráfico há 13 anos, sempre atuando na flexografia, em empresas convertedoras de embalagens, em planejamento & pré-impressão. Técnico em Artes Gráficas pela Escola SENAI Theobaldo De Nigris, com especialização em Pré-impressão. É graduado em Publicidade e Propaganda.
Fonte: Revista Inforflexo 131 – Julho/Agosto de 2014